segunda-feira, 8 de junho de 2009

Etapa 5

O dia de ontem foi para esquecer em termos de andamento e rendimento nosso.
Temos demorado imenso tempo a almoçar e quando o fazemos já é algo tarde.
Assim, decidimos mudar a nossa estratégia. Levantamo-nos mais cedo com o pequeno almoço já preparado do dia anterior, e iremos fazer duas paragens mais curtas para alimentação sólida por volta das 12:00 e a outra às 15:00.

Acordamos às 06:20 e saída às 06:45.
Mal pusemos o pé fora do albergue vimos logo que os nossos principais adversários do dia seriam o vento e o frio.
Começamos logo a subir por Espinosa del Camino e mais à frente em Villafranca. Os montes de Oca foram durissimos com 4km de grande acumulado. Como a seguir a uma grande subida vem uma descida, assim foi até San Juan Ortega. 17km por entre floresta e piso algo irregular.
Depois dos 1000m de altitude de San Juan Ortega atravessamos uma zona plana e alguma descida até Atapuerca. Aqui voltamos à esquerda para subir aos 110m de altitude num terreno muito dificil e sinuoso, com muita pedra solta, impossivel de ciclar montado. Foram cerca de 5km que nos levou 1h30 a percorrer. Depois de chegar ao alto, foi sempre a descer com Burgos no horizonte. A aproximação ao centro revelou-se lenta e demorada.
Estacionamos as viaturas mesmo em frente às escadas da Catedral e fomos tentar visitá-la. Inexplicavelmente, nao facilitaram a entrada nem mesmo a peregrinos com credencial. Fica para a proxima. Entretanto, encontramos um grupo de portugueses que estavam de passagem para praticar montanhismo nos Pirineus. Foi bom falar a nossa lingua.

De Burgos, saimos em direcçao a Rabé de las Calzadas, passando por Villabila e Tarjados onde percorremos 12km fabulosos e ao mesmo tempo duros. Toda esta parte foi feita pelo meio dos campos verdes e sem sombra possível. O tempo ajudou um pouco, o vento arrefecia o corpo.
Durante esta longa travessia pelos verdes campos de cereais, o ambiente era propicio a reflexao interior e silencio. Estavamos ambos em sintonia. Foram momentos verdadeiramente únicos.

Depois de passarmos Hornillos del Camino, descemos até Hontanas onde encontramos pela primeira vez um grupo de peregrinos portugueses (de Vila Pouca de Aguiar) que iriam até Castrojeriz. Foi a altura da segunda pausa do dia.

Castrojeriz também seria o nosso destino seguinte e chegamos lá por volta das 17:30. Estavamos com força e decidimos continuar. Passamos ao lado do Alto de Mostelvares, por um percurso alternativo para bicicletas dada a parede enorme do monte para o nosso tipo de equipamento.

Contornamos 5km em que 2 deles foram feitos ao longo de uma recta enorme em asfalto. Passamos em Itero de La Vega e decidimos ficar por ali. Tinhamos percorrido 100km e era altura de parar. Nao podemos comprometer o resto dos dias e nao podemos forçar as pernas.
Paragem no albergue para mais um merecido descanso.

Registo do dia: 100,5km; 11H30m; 12,6km/h; 110m acumulado

5 comentários:

  1. Já sabemos que o dia de hoje (8 de Junho) foi duro, por cá também tivemos direito a uma chuvinha.
    Embora as noticias também cheguem via telefone (via Tia Paula)cá nos reunimos todos os dias, depois de jantar para a leitura do blog.
    (O André fez logo comentários à Italiana e a tua cunhada diz que te vai puxar as orelhas).
    Beijinhos e Abraços directamente do Monte dos Parvos.

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  2. Não há dúvida que o ser humano é dotado de uma enorme capacidade de ultrapassar desafios, de se testar a si próprio.
    Nada que o estímulo adequado não consiga.
    Continuem, o vosso objectivo está cada vez mais perto.
    Amanhã, é outro dia.

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  3. São pessoas corajosas como vocês que me fazem acreditar que tudo é possível acontecer e fazer.
    Momentos de reflexão interior....o encontro com a essência!Esses momentos são de facto únicos.
    Muita força e amanhã o sol vai brilhar....

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  4. Dizem-me (e também tenho lido) que o Caminho serve sobretudo para um "encontro interior", para uma avaliação das nossas capacidades físicas, mas também para um balanço do passado e a procura de um (novo?) caminho futuro. Estou a escrever isto e a pensar que talvez o mais importante - e cada um terá a sua medida - seja mesmo a parte de superação, de reconciliação, de pacificação espiritual. Como é que o Marco e o Amândio se estão a sentir neste campo espiritual? (Digo espiritual, não digo religioso).
    Um grande abraço, votos que tudo continue a correr bem.

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  5. Caros amigos Amândio e Marco,

    Tive conhecimento da vossa iniciativa pelo amigo comum, Alberto Sousa e não podia deixar de vir aqui dar-vos um enorme abraço de incentivo e coragem para o que resta da vossa aventura!

    Um abraço Carlos Barreiros

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