terça-feira, 16 de junho de 2009

Ultreia !!

"Onde o Caminho do Vento se cruza com o Caminho das Estrelas"

Percorrer o Caminho das Estrelas é um exercicio único que é muito dificil de expressar por palavras.
Não se explica.
Sente-se simplesmente.

Foram momentos incomparáveis vividos muitas vezes a dois e muitas outras vezes em separado. Houve muitas ocasiões em que permaneciamos um atrás do outro num exercicio de reflexão. Estivemos sempre em sintonia.
Tentavamos nessas ocasiões avaliar o porquê de estar ali, o que fizemos nas etapas anteriores das nossas vidas e tentar perceber o que pretendemos do futuro.

Nesses momentos pensamos sempre naqueles que nos são mais queridos, nas nossas familias, nos Amigos, no trabalho, e mesmo nas nossas atitudes e comportamentos passados. Dentro do possível tentamos fazer uma rectrospectiva dos principais momentos da nossa existência.

Este exercicio de peregrinação foi também um momento de partilha e confraternização com outras pessoas, peregrinos ou não, que não conheciamos até ali e que pelo facto de estarmos a viver uma experiência comum originava momentos de grande fraternidade. Aconteceu muitas vezes, e foi de uma intensidade enorme.

Depois há as experiências que não tem explicação, se não mesmo pelo facto de estar a percorrer um Caminho Mágico. Aconteceu algumas vezes que quando percorriamos um determinado trajecto e tinhamos dúvidas relativamente ao percurso a tomar ou eventualmente se o poderiamos percorrer com os nossos pesados atrelados, aparecia nos lugares mais isolados e aparentemente do nada, alguém que nos indicava o melhor trajecto...

Quem inicia este mágico caminho, entra numa outra dimensão e passa, se conseguir atingir essa virtude, a discernir a existência de um sistema complexo e dinâmico em que a nossa Vida está muito para além daquilo que conseguimos percepcionar no imediato.

Seja qual for a motivação de cada um para o Caminho, há que retirar dele tudo o que ele tiver para nos dar. É um marco nas nossas vidas, um encontro com nós próprios e em busca do nosso equilibrio.

Foi esta a nossa experiência pessoal que gostariamos de partilhar com todos vós, e que esperamos poder continuar a divulgar durante a nossa existência, foi esse o nosso compromisso.

Resistir é vencer.

Ultréia !!


Amândio Rodrigues
Marco Magalhães

Agradecimentos

Este Caminho terminou mas só o foi possível porque desde o inicio até ao fim nunca estivemos sozinhos.
Impõem-se no final alguns agradecimentos especiais.


À minha Noiva Paula, pelo seu incondicional apoio e patrocínio, a ela devo esta enorme experiência que começou com a preparação, com a realização e que agora continua num outro plano este Caminho da Estrelas.

Ao meu querido e sincero Amigo Marco Magalhães, que foi de uma amizade e de uma generosidade sem limites. Agradeço muito a Deus por o ter colocado no meu Caminho. Vivemos ambos experiências inesqueciveis e que ajudaram a cimentar ainda mais a nossa amizade. À Yuga e à Mafaldinha agradeço-vos por mo terem emprestado integralmente por duas semanas...Que Grande Homem que vocês têm em casa.

À minha familia, sem excepção que num momento tão dificil, que antecedeu a partida me deu todo o apoio e não permitiram que abortasse a partida.

Ao Dionisio Silva e ao Alberto Sousa, pela ajuda e apoio permanente, sem o qual a concretização do Sonho teria sido muito mais dificil.

Ao César Melero por todos os esclarecimentos fornecidos e pelas suas palavras de estimulo.

A todos os Amigos que quiseram partilhar esta experiência e que nos deram o seu apoio através das mensagens e sms que nos foram enviando.

Amândio Rodrigues



Às duas mulheres da minha vida...Yuga e Mafaldinha. Sem elas, "isto" a que chamamos vida não teria qualquer sentido, e foram elas que em todos os momentos preenchiam o meu pensamento e por elas lutava para alcançar o sonho.

À minha familia, que também sofre à distância, e que sempre me apoiou.

Ao Pedro Gomes, que onde quer que esteja e por tudo o que ele significa para mim, lhe dedico esta travessia.

A todos aqueles sem excepção, que de uma forma ou de outra, nos enviaram mensagens de força e ânimo e que nos deram uns watts de potência extra. É bom ter amigos assim.

Uma palavra especial para a Paula, que num momento tão doloroso e dificil que antecedeu a viagem e numa altura em que mais precisava de conforto, abdicou dele em prol de realizarmos um sonho. Um exemplo de coragem e nobreza.

Penso não me ter esquecido de ninguém...ops...é claro que falta alguém. :)

Quando a memória começar a sofrer a erosão do tempo, quando os nomes daquelas terras ficarem gastos e as imagens mais esbatidas, hei-de relembrar a amizade, paciência e eterno companheirismo do meu querido Amigo Amândio, que tornaram possível o Caminho. Obrigado por existires, Campeão!

Marco Magalhães

sábado, 13 de junho de 2009

Etapa 11

...e finalmente o dia mais aguardado chegou!

A ansiedade tomou conta de nós desde o primeiro minuto da manhã.

Tal como nós, todos os que pernoitaram no albergue de Arca, sentiam Santiago muito próximo. Talvez por isso, o dia começou bem cedo...por volta das 05:30...é verdade. Logo hoje, que poderiamos descansar mais um pouco e sairmos mais tarde, aconteceu o contrário.

A maioria dos peregrinos eram a pé, e por isso todos começaram a preparar a suas saidas bem cedo. As luzes ligadas e o barulho dentro dos "quartos", não deixaram margem para descanso. Até tivemos direito a foguetes que rebentaram fora do albergue às 06:00. Enfim, apesar de tudo não iriamos pedir que fizessem menos barulho e sentiamos que não podiamos estragar a festa da partida para a última etapa da maioria dos peregrinos.
Aproveitamos e também nós nos levantamos, iniciando o último ritual de acordar.
Reunimos todas as nossas coisas e pusemo-nos a caminho de ir buscar as nossas bicicletas à garagem.
Aqui aconteceu um novo episódio que nos deixou a pensar que iriamos morrer na praia.
Habitualmente colocamos dois aluquetes para trancar bikes e atrelados, mesmo que o espaço nos pareça seguro. Não gostamos de facilitar...
Um aluquete foi destrancado mas a chave do segundo não aparecia...os minutos passavam e continuavamos com as bicicletas presas.
Fomos à procura dos últimos locais onde estivemos para tentar encontrar a dita chave mas nada...até alguns noctívagos que por ali ressacavam da última ida à discoteca nos tentaram ajudar. Não havia maneira de a encontrarmos...já pensavamos em tudo. Desde alicates para cortar, serras, ...enfim...
Quando o desânimo já tomava conta de nós, eis que surge a ideia de que uma segunda chave tinha sido colocado no inicio da viagem num dos sacos da Merida.
Bingo! Tinhamos encontrado o objecto mais precioso e sentiamos que finalmente poderiamos seguir caminho.

Só perto das 09:00, e depois de tomar um relaxado pequeno almoço, é que inicamos este último dia. Não iriamos entrar em loucuras e os 19km que nos separavam do final iriam ser saboreados metro a metro.
Assim foi...descida até Amenal e uma ligeira ascensão até San Paio. Passagem muito perto do aeroporto em Labacola com direito a ver e ouvir o barulho dos potentes aviões que ali partiam e aterravam.
Estavamos ainda mais próximos da Catedral: 10km. Nova subida até Vilamaior e último topo no Monte do Gozo. Paragem para fotos junto ao momento em honra da visita do Papa João Paulo II e paragem seguinte para um último petisco. Uma tarte de maçã e um café para nos despedirmos dos "desayunos".
A cara de todos os peregrinos era outra e todos sentiam que o seus sonhos estavam prestes a cumprirem-se. A cada "Buen Camiño", recebiamos uma sorriso de orelha a orelha e igual retribuição.
Os familiares já estavam na Catedral à nossa espera. Ficamos ainda mais ansiosos. Santiago já aí estava e desde San Marcos que foi sempre a descer até à "meta".

Uma curva e outra e já se ouvia o enorme festim em redor da Catedral.

Foi o nosso momento. Entramos de braço dado e bem erguido e percorremos aquelas pedras milagrosas em frente ao Santuário.

A emoção foi total e corremos a abraçar a nossa familia. Juntos percorremos 12 dias mas que mais pareceram uma vida, dada a estreita união que nos ligou.

Os imensos portugueses que por ali passeavam vinham dar-nos os parabéns e tirar fotos connosco. Era mais um motivo de orgulho.

Faltava assistir à Missa do Peregrino e vibrar com o tradicional espalhar do incenso pelo Botafumeiro. Inesquecível e que mexe com qualquer um.

850km depois chegamos a Santiago de Compostela.
Obrigado a todos pelo enorme apoio e prometemos que colocaremos as fotos o mais breve possível.

Missão cumprida.

Registo da etapa: 20,5km; 3h:15m; 11,7km/h; 310m acumulado

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Etapa 10

Pois é...a chegada tarde à cama de ontem teve reflexos hoje e só nos conseguimos levantar às 7:30. Tomar o pequeno almoço e estamos a iniciar o caminho apenas às 8:30. O que já é tarde para um peregrino.
O objectivo da etapa de hoje era colocarmo-nos o mais proximo possivel de Santiago mas a coisa nao começou bem. Logo aos 4km, e a meio de uma subida complicada, o pneu de tras da Merida comecou a perder ar e tivemos que parar para substituir a camara.
Reparamos o furo, tapamos o buraco do pneu e voltamos a dar à bomba para enche-lo. Quando estavamos a arrumar as ferramentas...BUMMMM! A camara rebentou e saltamos com o susto...até parecia foguete da Páscoa. Conclusao, toca a tirar tudo outra vez e voltar a remendar outra camara de ar. Parece que esta se vai aguentar...
Seguimos o caminho e depois de termos perdido quase 1h nesta "brincadeira", tentamos recuperar terreno e fomos aumentando a velocidade. O caminho era muito bonito, com lindos montes e vales da bonita Galiza, mas este nao estava para brincadeiras. Era durissimo com permanentes subidas e descidas, num autentico rompe pernas...e nos a pensar que este dia seria acessivel.

Os km foram passando e dureza do percurso tambem. Comemos mais um "bocadillo" divinal a 6km de Melinde e o recomeço pós almoço foi complicado. O calor era insuportável e a vontade de pedalar era pouca. Lá fomos insistindo, suportando as altas temperaturas que se verificavam às 14:00. Apartir daqui a historia nao mudou muito. Mais subidas...descidas rapidas e novas subidas, acompanhadas de travessias de pequenos ribeiros que com os atrelados se tornavam uma verdadeira aventura atravessa-los. O alto de Sta Irene marcou o nicio da descida que nos levaria a Arca, onde albergamos. antes ainda, optamos por lavar e olear as bicicletas numa maquina de alta pressao.

Amanha é o grande dia e queremos abraçar o Santo sem problemas mecanicos.

Apenas 15km nos separam do grande momento. Temos fé que vamos conseguir. Com a vossa ajuda ultrapassaremos mais este pequeno obstaculo e chegaremos onde queremos.

Registo da etapa: 60km; 9h; 11,7km/h; 1180m acumulado

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Etapa 9

Saimos de Trabadelo pelas 7:00, e depois de tomar o pequeno almoço começamos a aproximaçao da mitica subida ao Cebrero.

Desde que saimos do albergue, iniciamos um percurso de 18km sempre em sentido ascendente em direcçao à Laguna. Depois de ultrapassada esta localidade, ainda subimos mais 2km de altissima montanha, com rampas de 15% de inclinaçao.

Chegamos ao Cebreiro após 2h30m de ascençao. Mais um objectivo cumprido e valeu a pena. A dureza do percurso vale a vista lá de cima. Tudo em seu redor eram montanhas e vales de perder de vista. O dia ajudou com o sol a brilhar lá no alto.

Visitamos a igreja, pusemos mais um carimbo na credencial e aproveitamos para visitar uma loja de recordaçoes onde fizemos algumas compras.
De seguida, o nosso estimulo eram os 4km que nos separavam do alto de Poyo para contemplar o célebre monumento ao peregrino. Uma estátua fantastica e que resume bem o esforço de peregrinar até ao tumulo de Santiago.

Após as fotos, começamos a descer, e a bom descer até Triacastela. Uma descida de 20km, onde atingimos velocidades proximas dos 50km/h. Foi bom para descansar da subida anterior, mas nao podiamos facilitar, o minimo erro era problematico. Tivemos que manter a concentracao ate final.

Depois de Triacastela, fomos em terreno plano e descendente até Samos, onde tiramos algumas fotos ao Mosteiro Beneditino e aproveitamos para almoçar um "bocadillo".

Depois de Samos iniciamos uma trialeira fabulosa, onde a nossa técnica veio ao de cima onde nos divertimos imenso a percorrer toda aquela extensao até Portomarin, onde chegamos quase às 20h.

Pelo meio alcancamos um marco importante nesta caminhada: o km 100! Apartir daqui ficavam a faltar menos de 100km para Santiago e já se sente o cheiro do Botafumeiro.

Um dia em grande de BTT...alta montanha, trilhos tecnicos, descidas vertiginosas, e até mais um chupao da corrente da KTM que nos levou a meter as maos no oleo...

Banho, jantar e internet...e fomos para a caminha já fora de horas...amanha é que vai custar...

Registo da etapa: 91km; 11h40m; 12,3km/h; 1715m acumulado

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Etapa 8

Depois de uma retemperadora noite de descanso no Albergue apontamos a saída para as 07:00 e procuramos o café mais proximo para tomar o pequeno almoço.
O albergue de Astorga foi sem duvida o melhor que pernoitamos até agora. Desde a fantástica recepção que tivemos, com direito a um chá bem quentinho à chegada, às boas condições do mesmo, com diversos pisos para dormir, enormes e seguros espaços para as bicicletas. O pessoal do albergue mostrou-se sempre muito simpatico e sempre disponivel. Recomendamos vivamente.
Quanto à etapa propriamente dita, sabiamos que iria ser uma das mais dificeis e ao mesmo tempo emotiva. Era chegado o dia da subida à Cruz de Ferro. Estavamos ansiosos e tinhamos as nossas pedras preparadas.
Mal saimos de Astorga, começamos logo a subir lentamente por Ruinas de Rechibaldo e Sta Catalina de Somoza. Ao km 29 a subida inclinou mais um pouco com a passagem por El Ganso. Apartir daqui foram 6km de pura alta montanha que nos levou ao momento mais aguardado. Curva após curva tentavamos encontrà-la...e de repente, ali estava ela! Imponente e fabulosa. Uma torre com 3m de altura, com uma cruz de ferro bem lá no alto.
Bastava olhar a sua base para as lágrimas brotarem de emoção. Dezenas e dezenas de pedras deixadas pelos vários peregrinos que por ali passaram. Umas decoradas, outras escritas por cima, recordações de entes queridos, ou mesmo peças de vestuário lá deixadas. Tudo serve para deixar a nossa marca. E assim também nós o fizemos. Colocamos as nossas pedras e o momento foi único.
Era o mais aguardado e tinhamos cumprido um objectivo.
Enquanto tiravamos umas fotos, chegaram os nossos amigos espanhóis Nacho e Alberto. Mais umas fotos em grupo e toca a descer pelo asfalto que a chuva começava a cair intensamente.
A velocidade da descida foi muito lenta devido às más condições meteorológicas com vento, chuva e nevoeiro.
Uma descida de 15km que nos levou a Ponferrada. Aqui tivemos um momento decisivo. O atrelado da Merida estava a ceder cada vez mais e a opção poderia passar por enviá-lo para Portugal mais cedo. Contactamos uma empresa de transportes internacionais e já tinhamos quase tudo preparado. O azar (ou sorte) foi que estava fechada para almoço, e decidimos arriscar e continuar a viagem. Aperto daqui aperto dali e seguimos caminho para Villafranca Del Bierzo. Foram 23km mais ou menos planos e como ainda tinhamos tempo e algumas pernas, fomos seguindo até Trabadelo. Queriamos chegar o mais proximo possivel do ponto alto da etapa de amanhã, o Cebrero.
No final, ainda houve tempo para mais um susto. Um furo lento que provocou duas paragens para encher a câmara da Merida, de forma a só susbtitui-la quando chegassemos ao albergue., situaçao que aconteceu por volta das 18:45.
Mais um dia em grande e outro que se avizinha amanhã.
Hajam forças.
Registo da etapa: 96km; 11h15m; 13,6km/h; 1200m acumulado

terça-feira, 9 de junho de 2009

Etapa 7

Saimos de El Burgo Ranero, pelas 7 horas, comemos umas Madalenas e bebemos Icetea, produtos comprados à humilde gerente do Albergue local.

Fomos percorrendo o caminho ´com direcção a Leon, interrompido no dia anterior devido ao forte vento.

Com cerca de 20 km percorridos, a corrente deu um forte chupão no quadro da KTM, devido á muita lama de barro, que obrigou a retirar um elo de corrente para se conseguir retira-la da posição em que ela se encontrava e que por nada queria saír.

Depois de perder cerca de quarenta minutos nesta actividade e depois de termos sujado os nossos blusões com óleo, seguimos o nosso caminho fazendo um esforço para retirarmos esta má experiência da nossa cabeça, esforçando-nos para chegar a Leon.

Pelas 11h, chegamos à Catedral e fomos visita-la. É um monumento encantador com bonitos vitrais, um altar mor lindissimo e um coro muito precioso.

Aprovitamos a seguir para repor as forças num dos cafés próximos à catedral que nos soube deliciosamente. De seguida com as forças no verde, pusemo-nos ao caminho para tentar-mos encontrar uma loja para limpar-mos devidamente o sistema de transmissão. Foi durante essa pesquisa e numa paragem nos semáforos que perguntamos a um motoqueiro a localização da dita loja tendo este prontaficado a levarmo-nos com a toda a simpatia e a sua pontente motorizada de gás, á loja mais próxima. O Técnico indicou-nos que a melhor solução seria lavarmos as transmissões numa máquina de alta pressão actividade de fizemos de imediato numa bomba indicada por aquele.

Depois da lavagem retomamos o caminho em direcção à igreja de Nossa Senhora do Caminho, um encanto de igreja exterior e interior moderno e altar antigo.

Quando nos dirigiamo-nos á descoberta do caminho mais seguro, passou por nós um ciclista que veio para trás e que nos aconselhou a optar por um caminho alternativo em virtude do originalmente marcado ser demasiado perigoso tendo inclusivamente sido atropelada mortalmente uma perigra italiana na passada semana. Assim fizemos e entramos por um trilho de terra até Ponte de Ortega, onde fizemos um lanche á maneira, que nos soube pela vida.

Tiramos algumas fotos demos uma volta com as nossas montadas pelos dominios Celtas e como ainda tinhamos algum tempo disponivel continuamos até Astorga.

Este percurso final, veio a revelar os primeiros problemas com o atrelado da Merida, tendo sido necessário efectuar alguns ajustes na fixação ao quadro, mas que não oferecia grandes garantias, porque sempre que o piso era mais irregular cedia e desapertava-se. Este cálvario durou cerca de 6 km e para além do desgaste fisico já evidente a chuva começou a cair intenssamente e fizemos um forcing final tendo chegado ao albergue por volta das 19:45h.

Já mereciamos este descanso...

Registo do dia: 98 km; 11h; 15km/h; 700 acumulado

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Etapa 6

O dia iniciou-se pelas 7:45 com chuva, a estalajadeira bem torceu o nariz avisando-nos que com chuvas iriamos encontrar muito barro. E assim foi muita lama barrenta e após 1h de caminho á muita lama juntou-se chuva e granizo que fazia música nos nossos capacetes.

O dia estava feito para penar com os elementos contra nós.

O cenário nesta parte do caminho era particularmente bonito confrontando a nossa direita e durente vários kilometros com o bonito canal de castilla.

Cruzamo-nos em Carrion de los Condes, fomos a uma mercearia comprar umas bananas e uns sumos e encontramo-nos com uns simpáticos jubilados holandeses que iam até Santiago e depois viriam até ao Porto para apanhar o avião de regresso. Cruzamos umas quantas vezes com eles e a saudaçao era sempre Porto e grande rizota.

Antes da primera paragem doa dia percurremos a interminavel calçada romana com 12 km de extençao cheia de pedra rolada com muita lama e vento. A ultima parte fizemo-la com os nossos conhecidos espanhois do Alto do Perdon (Nacho e Alberto) que já vinham em quebra e com problemas mecânicos.

Da parte da tarde foram as horas mais duras de todo o caminho. O vento intenssificou de velocidade, com muitas rajadas o que nos quebrava completamente o ritmo, não nos permitindo ultrapassar os 10 km/h e já com grande sacrificio. Foi muito penoso chegar até El Burgo Ranero, localidade onde terminamos a etapa e onde nos albergamos num humilde albergue mas com um gerência muito simpática.

Amanhã esperamos que seja melhor, haja ânimo.

Registos da etapa: 92 km; 10h:10m; 12,1 km/h; 600m acumulado

Etapa 5

O dia de ontem foi para esquecer em termos de andamento e rendimento nosso.
Temos demorado imenso tempo a almoçar e quando o fazemos já é algo tarde.
Assim, decidimos mudar a nossa estratégia. Levantamo-nos mais cedo com o pequeno almoço já preparado do dia anterior, e iremos fazer duas paragens mais curtas para alimentação sólida por volta das 12:00 e a outra às 15:00.

Acordamos às 06:20 e saída às 06:45.
Mal pusemos o pé fora do albergue vimos logo que os nossos principais adversários do dia seriam o vento e o frio.
Começamos logo a subir por Espinosa del Camino e mais à frente em Villafranca. Os montes de Oca foram durissimos com 4km de grande acumulado. Como a seguir a uma grande subida vem uma descida, assim foi até San Juan Ortega. 17km por entre floresta e piso algo irregular.
Depois dos 1000m de altitude de San Juan Ortega atravessamos uma zona plana e alguma descida até Atapuerca. Aqui voltamos à esquerda para subir aos 110m de altitude num terreno muito dificil e sinuoso, com muita pedra solta, impossivel de ciclar montado. Foram cerca de 5km que nos levou 1h30 a percorrer. Depois de chegar ao alto, foi sempre a descer com Burgos no horizonte. A aproximação ao centro revelou-se lenta e demorada.
Estacionamos as viaturas mesmo em frente às escadas da Catedral e fomos tentar visitá-la. Inexplicavelmente, nao facilitaram a entrada nem mesmo a peregrinos com credencial. Fica para a proxima. Entretanto, encontramos um grupo de portugueses que estavam de passagem para praticar montanhismo nos Pirineus. Foi bom falar a nossa lingua.

De Burgos, saimos em direcçao a Rabé de las Calzadas, passando por Villabila e Tarjados onde percorremos 12km fabulosos e ao mesmo tempo duros. Toda esta parte foi feita pelo meio dos campos verdes e sem sombra possível. O tempo ajudou um pouco, o vento arrefecia o corpo.
Durante esta longa travessia pelos verdes campos de cereais, o ambiente era propicio a reflexao interior e silencio. Estavamos ambos em sintonia. Foram momentos verdadeiramente únicos.

Depois de passarmos Hornillos del Camino, descemos até Hontanas onde encontramos pela primeira vez um grupo de peregrinos portugueses (de Vila Pouca de Aguiar) que iriam até Castrojeriz. Foi a altura da segunda pausa do dia.

Castrojeriz também seria o nosso destino seguinte e chegamos lá por volta das 17:30. Estavamos com força e decidimos continuar. Passamos ao lado do Alto de Mostelvares, por um percurso alternativo para bicicletas dada a parede enorme do monte para o nosso tipo de equipamento.

Contornamos 5km em que 2 deles foram feitos ao longo de uma recta enorme em asfalto. Passamos em Itero de La Vega e decidimos ficar por ali. Tinhamos percorrido 100km e era altura de parar. Nao podemos comprometer o resto dos dias e nao podemos forçar as pernas.
Paragem no albergue para mais um merecido descanso.

Registo do dia: 100,5km; 11H30m; 12,6km/h; 110m acumulado

sábado, 6 de junho de 2009

Etapa 4

Olá por cá continuamos cheios de determinaçao.

O dia de Hoje iniciou-se ás 6h da manha com o despartar, mas só pelas 7h é que apareceu quem nos podesse dar o pequeno almoço, e lá foi cerca de uma hora embora, que depois tem de ser recuparada.

Saímos de Navareta em direcçao a Santo Domingo da Calçada. O Caminho foi sendo percorrido entre vinhas com o caminho cheio de barro o que tornou as nossas montadas com aquela fashion cor. Bom, o Caminho nesta zona é fabuloso subindo, descendo e contornando imensos campos de vinhedos. Viva la Rioja.

Em Nájera podemos apreciar os muitos ninhos de cegonha. Nesta cidade encontramos uma jovem Peregrina italiana, que nos disse que o Caminho naquela zona estava cheio de barro o que se tornava dificil a progressao, tendo-nos perguntado se a nossa opçao seria seguir pela estrada.

Como já tivemos muitas experiências com dificuldade de progressao, optamos por seguir um pouco pela estrada. Metemo-nos os três por estrada para fazer cerca de 10 km. A Italiana optou por ficar em Azufra, talvez porque o nosso ritmo de cruzeiro era demasiado para ela, ou, por outra insondável razao, lá seguiu o seu Camino com um Arrivardeci.

Pouco depois de a termos deixado voltamos ao Camino mas agora a paisagem deixou de contornar vinhas e passou a subir e descer campos de trigo com muito vento de frente. Paisagem suberba com o vento a varrer as cearas e a ondolalas sugerindo ondas do mar. Espectacular!!!

Neste entretanto chegamos a Santo Domingo da Calçada, aproveitamos para efectuar uma pequena visita à igreja, que é magnifica e com a particularidade de existir dentro da igreja um capoeiro com dois galos de verdade que cantam e tudo. Para além deste particular apontamento a igreja é muito antiga e muito bonita, com um lindo retábulo com várias cenas da biblia e com o tumulo do Santo, uma verdadeira obra de arte em mármore.

Saimos em direcçao a Belorado, por entre cearas e muitos Peregrinos a pé (esses sim os verdadeiros herois deste Camino), e sempre com muito vento de frente. Tentamos várias vezes almoçar mas os lugares eram pequenos e nao tinham restaurante onde podessemos restabelecer as nossas forças (é essencial almoçar e jantar bem), ou porque nao era recomendável...

Bom com estas e outras lá fomos vencendo o vento distraindo-nos com as cearas e ultrapassando um riacho, até que chegamos ao Albergue da Orieta e Ca, que nos informou que nao tinha nada quente mas que dentro de aproximadamente 3 km encontrariamos. O certo é que a informaçao nao correspondia pelo que tivemos de fazer todo o percurso até Belorado para terminar no Albergue desta localidade que nos serviu uma refeiçao quente, nada de especial, mas que já nos fazia falta á algum tempo.

Bom com os estomagos demasiado cheio por termo almoçado muito tarde, com algum trabalho de net a seguir ao almoço apenas demos ás pernas pouco mais de 1h e albergamos em Villambistia. Ainda bem que o fizemos por que o Albergue era simpático e acolhedor. De imediato nos convidaram para um jantar comunitário (Michel e Marcel da França, Rolf da Alemanha e Juan de Espanha/Cordoba). Jantamos uma bela de uma paella os Lusos Peregrinos apenas beberam 1/2 copo de vinho e o restante liquido de duas garrafas foi aviados pelos restantes.

Amanhã há mais Camiño.

Registos da etapa: 71 km; 9h40m; 12 km/h; 1050m acumulado